A Geração Z da Índia está rejeitando caminhos tradicionais como a universidade e empregos estáveis em gigantes como Google e Microsoft para seguir um novo ideal: tornar-se criador de conteúdo. Segundo um estudo do YouTube, 83% dos jovens indianos se identificam como digital creators — um número superior à média global de 65%.
Num país com mais de 830 milhões de usuários de internet e 750 milhões de smartphones, o sonho de fama no YouTube ou Instagram parece mais acessível do que nunca. Histórias como a de Ishan Sharma, que abandonou uma universidade de elite para se dedicar à produção de vídeos e acumula quase 2 milhões de seguidores, alimentam essa tendência. Em vilas como Tulsi, por exemplo, mais de mil dos quatro mil habitantes estão tentando carreira como influenciadores.
Mas a realidade financeira é bem menos glamourosa. Apenas 1% dos criadores realmente ganham dinheiro com o que produzem — e mesmo entre esses, muitos recebem apenas produtos como pagamento por publicidade. A maioria fatura entre 5.000 e 10.000 rúpias por mês (algo em torno de R$ 300 a R$ 600), uma quantia muito inferior aos salários oferecidos por empresas de tecnologia, que podem ultrapassar 200.000 rúpias mensais.
Mesmo assim, marcas estão investindo pesado nesses jovens, que hoje representam 46% do consumo na Índia. A promessa de visibilidade e sucesso rápido continua sedutora, mesmo que, para muitos, se revele uma miragem.
Enquanto isso, o país vive uma transformação cultural silenciosa — em que o diploma e o crachá de uma big tech perdem espaço para o sonho de likes, colaborações e fama digital.
Fonte: IGN
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