Familiares e amigos prestam homenagem a jovens mortos pela Polícia Militar em Bauru

Na tarde deste domingo (17), um ato em memória dos jovens Guilherme Alves Marques de Oliveira, de 18 anos, e Luís Silvestre da Silva Neto, de 21, mortos por agentes do 13º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (BAEP) no dia 17 de outubro, ocorreu no bairro Jardim Vitória, em Bauru.

Familiares e amigos das vítimas conduziram os manifestantes até o local onde os os jovens foram assassinados. As mães de Guilherme e Luís, Nilceia Alves Rodrigues e Maria Aparecida dos Santos, respectivamente, plantaram dois ipês brancos e acenderam velas para demarcar o local.

“Eu quero que seja um local marcado. Porque aqui não houve confronto, mas um assassinato […]. A gente não pode deixar isso passar batido”, declarou Nilceia Rodrigues. Ela afirmou ainda que haverá atos em outras comunidades de Bauru, também em memória de vítimas da Polícia Militar.

Luís Neto, que morava com a avó, deixa um filho (Gabriel Rezende/Diário do Brasil TV)

Caso

De acordo com a versão dos agentes registrada no boletim de ocorrência, os três policiais do BAEP envolvidos na ação do dia 17 de outubro, o tenente Murilo de Oliveira Lamoso e os cabos Rafael Franco Manfio e Alexsandro Aparecido Ferreira, teriam reagido a tiros de dois homens em uma área de pastos no bairro Jardim Vitória. Os policiais efetuaram 27 disparos de fuzil contra os jovens, 15 só do tenente Murilo Lamoso.

Guilherme foi atingido por três tiros: no abdômen, no joelho e no tórax. E estaria, na versão dos PMs, com uma pistola calibre .765 de numeração raspada. Luís foi ferido na cabeça e estaria com um revólver calibre .38, um comunicador e uma mochila com drogas.

Segundo reportagem da Ponte Jornalismo, as armas apontadas pelos policiais como pertencentes aos jovens só foram apresentadas na delegacia posteriormente, o que contraria protocolos de preservação de crime. Os PMs não usavam câmeras nas fardas, já que o 13º BAEP não foi incluído no programa.

Além de familiares e amigos, organizações e coletivos políticos participaram do ato deste domingo (Gabriel Rezende/Diário do Brasil TV)

No dia seguinte, outros policiais do BAEP invadiram o velório do jovem Guilherme, agrediram familiares e amigos, inclusive a mãe Nilceia, e prenderam um dos irmãos do jovem por desacato. Em um dos vídeos que circulou pelas redes sociais, é possível ver os policiais agredindo a família ao lado do corpo sendo velado.

Em discurso no ato deste domingo, Nilceia negou a versão da polícia e relatou que os agentes não permitiram que o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) prestasse socorro aos jovens. “O que aconteceu aqui foi uma injustiça. O Luís tinha o direito de responder, de falar quem ele era, quem era a família. O Guilherme, a mesma coisa. Mas eles [policiais] não permitiram. Veio o SAMU e eles não deixaram prestar socorro, porque eles queriam mesmo acabar com a vida dos jovens”, disse.