Emendas parlamentares consomem até 74% de orçamentos ministeriais

Uma reportagem do jornal Folha de São Paulo divulgada nesse domingo (12) revela o quanto as emendas parlamentares consomem dos orçamentos de ministérios do Governo Federal. Levando em conta os recursos discricionários, que são as verbas para custeio e investimento em políticas públicas, cerca de 19,5% foram direcionados a emendas parlamentares, um valor próximo a 45 bilhões de reais. Uma fatia cada vez maior no orçamento federal desde 2019, quando a porcentagem estava próxima dos 8%.

As emendas são uma forma pela qual deputados e senadores enviam dinheiro federal para suas bases eleitorais, a fim de aumentar seu capital político, nem sempre com um viés republicano, digamos assim. O maior valor em emendas dos ministérios está na Saúde, com quase 25 bilhões indo para onde os parlamentares quiserem. Este valor representa quase a metade do orçamento da pasta, que possui mais recursos do governo federal.

Outras pastas, com menores orçamentos, sofrem ainda mais com as emendas. O Ministério do Esporte, coordenado por André Fufuca, do PP, um dos partidos do chamado centrão, liberou 74% do seu orçamento para emendas. O do Turismo, do Ministro Celso Sabino, do União Brasil, liberou 69%.

Sem o controle adequado, as emendas servem para um pretexto básico, que é o de manter o poder nas mãos dos que hoje possuem. Não à toa, as eleições de 2024 tiveram o maior índice de prefeitos reeleitos da história do Brasil, com 82% de efetividade dos candidatos a um segundo mandato.