O quadro de pesquisadores científicos do Estado de São Paulo vive um grande déficit e o governo estadual anunciou concurso para apenas 11 vagas, número que representa menos de 3% do total necessário para repor a força de trabalho nos institutos públicos de pesquisa ligados à Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Segundo dados apurados pela Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), atualmente, 368 cargos estão providos de um total de 855 previstos em lei, o que significa que 487 postos seguem vagos.
“Sem investimentos, estamos negligenciando o tempo de reposta para crises que seguem desafiando a sociedade, como dengue, zika, chikungunya, malária, febre amarela, chagas, dentre outras”, afirma Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC.
As vagas previstas no concurso serão destinadas apenas para o Instituto Butantan. Nenhuma contratação foi prevista para as demais instituições da Saúde, como o Instituto Adolfo Lutz, Instituto Dante Pazzaneze de Cardiologia, Instituto Lauro de Souza Lima, Instituto Pasteur, Instituto da Saúde.
Além da escassez de vagas, a defasagem salarial torna o cenário para reposição de pesquisadores nos Institutos Públicos ainda mais crítico. A remuneração inicial oferecida no concurso para pesquisador científico do Butantan é de R$ 5.037,04, menos da metade do que é oferecido pela Embrapa, que em seu concurso de 2024 estabeleceu vencimentos iniciais de R$ 12.814,61.
“Além da falta de pesquisador na área da saúde, as Secretarias de Agricultura e Abastecimento (SAA) e de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) também enfrentam um apagão de ciência. Na SAA, 448 cargos de pesquisador estão providos, enquanto 746 permanecem vagos”.
“Estamos diante de um processo de desmonte silencioso. A ciência paulista resiste, mas sem pesquisadores, laboratórios e condições adequadas, não há como atender às necessidades da população com qualidade e inovação, especialmente diante do cenário de crise climática”, alerta Lutgens.
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