Brasileiros estão lendo cada vez menos, aponta pesquisa

Fonte: O Antagonista

A prática da leitura, tão antiga quanto a própria civilização, sofreu diversas transformações ao longo da história. Desde os escritos de Júlio César na Roma Antiga até a invenção da prensa de Gutenberg no século XV, que popularizou os livros, a leitura sempre desempenhou um papel fundamental na evolução humana. Com a Revolução Industrial, o acesso aos livros se universalizou, sendo impulsionado pela produção de livros de bolso na década de 1930.

Com a chegada da era digital, contudo, a maneira como interagimos com a leitura se transformou profundamente. A internet remodelou a comunicação e o acesso à informação, mas também apresentou desafios para o hábito tradicional de leitura. No Brasil, por exemplo, um estudo recente aponta que 53% da população não leu um livro nos últimos três meses, refletindo um afastamento em direção aos conteúdos digitais rápidos e fragmentados.

O uso crescente de dispositivos digitais impacta significativamente a cognição humana. Pesquisas, como a da Universidade de Harvard, mostram que a exposição a conteúdos curtos pode comprometer a capacidade de foco e processamento cognitivo. O cérebro, anteriormente estimulado por textos profundos, agora se adapta a estímulos rápidos, reduzindo a atenção e a tomada de decisão. Jovens, em especial, encontram na leitura uma competição acirrada frente às redes sociais e ao streaming.

O neurocientista Michel Desmurget propõe que a solução para esse fenômeno deve começar na infância, promovendo a leitura desde cedo. Implantar o hábito da leitura desde os primeiros anos é crucial para uma base duradoura. No entanto, muitos jovens perdem o interesse por textos longos, preferindo conteúdos digitais breves e atrativos.