CEIs protocoladas pela oposição são arquivadas pela base aliada da prefeita

Pedidos de Comissões Especiais de Inquérito para apurar caso hacker e compras de materiais escolares foram arquivados após articulação de base aliada da prefeita Suéllen Rosim

Parlamentares da base aliada se articularam para compor maioria nas CEIs (Gabriel Rezende/Diário do Brasil TV)

Os dois pedidos de Comissão Especial de Inquérito (CEIs) protocolados por vereadores da oposição na manhã desta segunda-feira foram arquivados na Sessão Legislativa. 

O primeiro visava apurar a denúncia de que o cunhado da prefeita Suéllen Rosim (PSD), Walmir Henrique Vitorelli, teria contratado um hacker para espionar o jornalista Nelson Gonçalves e a vereadora Estela Almagro (PT), desafetos do governo municipal. O documento foi assinado por Eduardo Borgo (Novo), Estela Almagro, Guilherme Berriel (PSB), José Roberto Segalla (União Brasil), Junior Lokadora (Podemos) e Pastor Bira (Podemos).

Em novembro passado, foi criada uma Comissão Temporária (CT) na Câmara Municipal para investigar o caso, cujos trabalhos foram finalizados na última sexta-feira (5). Conforme já noticiado pela Diário do Brasil TV, o vereador Coronel Meira (Novo), relator da CT, pediu em relatório a instauração de uma CEI, pois ela teria mais poderes para investigação, como a possibilidade de solicitar à Justiça a quebra de sigilo telemático e bancário, de convocar cidadãos para prestar depoimento e de pedir à Polícia o compartilhamento de documentos de investigação.

Na Sessão desta segunda-feira, os autores do pedido e mais Coronel Meira, todos da oposição, pediram que a CEI mantivesse a composição da Comissão Temporária. De acordo com o Regimento Interno da Casa de Leis, as CEIs são formadas por cinco membros e a escolha dos nomes é feita com base no total de votos das bancadas. 

Por conta da soma atual de votos, o PSD, o Republicanos e o MDB, partidos da base aliada do governo Suéllen Rosim, têm prioridade na indicação de representantes para compor as Comissões, fazendo com que o Executivo consiga três das cinco vagas. 

Com a provável formação de maioria governista na CEI, a oposição abriu mão da participação, restando duas vagas. O ex-líder da base aliada e atual presidente da Câmara Municipal, Junior Rodrigues (PSD), arquivou o pedido diante o impasse.

Suspeita sobre a compra de materiais e uniformes da rede municipal de ensino

O segundo requerimento pela instauração de CEI tinha por objetivo investigar a suspeita sobre a compra de materiais escolares e de uniformes da rede municipal de ensino de 2023 e 2024, após denúncia apresentada pela vereadora Estela de que houve aumento de 90% no valor da cada peça na compra deste ano. 

No documento, os mesmos vereadores autores do primeiro pedido propuseram apurar, também, os casos de descarte irregular de uniformes escolares que vieram à tona na última semana. No dia 2, foram encontrados mais de 170 uniformes antigos da rede municipal, em perfeitas condições, em terreno baldio no Núcleo Fortunato Rocha Lima. A Polícia Civil abriu inquérito para apurar a responsabilidade dos descartes.

Dois dias depois, as vereadoras Estela Almagro e Chiara Ranieri, presidentes das Comissões de Fiscalização e Controle de Educação, respectivamente, encontraram mais de mil peças de uniformes no almoxarifado da Prefeitura em diligência. O secretário Municipal de Educação, Nilson Ghirardello, havia afirmado em audiência pública do dia 3 que a Prefeitura não armazena uniformes. A própria Prefeitura registrou um Boletim de Ocorrência no dia seguinte após encontrar mais 31 peças de uniforme próximas à avenida Comendador Daniel Pacífico, na Vila Falcão. 

Durante a Sessão Legislativa, o vereador Eduardo Borgo propôs a votação para a ampliação da quantidade de membros da CEI de cinco para sete parlamentares. Com mais duas vagas, a oposição poderia buscar ocupar a maioria da Comissão. Porém, oito dos nove vereadores que compõem a base aliada da prefeita Suéllen votaram contra e a ampliação na composição da CEI foi rejeitada em Plenário. 

A oposição, na sequência, solicitou o arquivamento do pedido. “Vossas Excelências [que] expliquem à população e à imprensa qual foi a atitude e a vontade de vocês”, declarou Borgo se referindo aos oito parlamentares que rejeitaram a solicitação.   

Os votos contrários à ampliação foram dos vereadores Beto Móveis (Republicanos), Edson Miguel de Jesus (Republicanos), Fabiano Mariano (Solidariedade), Julio Cesar (PP), Manoel Losila (MDB), Marcelo Afonso (PSD), Markinho de Souza (MDB) e Miltinho Sardim (PSD). O presidente Junior Rodrigues só vota em caso de empate. 

Já os sete votos favoráveis foram de Eduardo Borgo, Estela Almagro, Coronel Meira, Junior Lokadora, Guilherme Berriel, José Roberto Segalla e Pastor Bira. Chiara Ranieri não compareceu.